|SEIVA| Cidade digital

Artistas soltam a criatividade ao recriar cenários e marcas da cultura amazônida

Praça do Relógio por Keoma Calandrini

A Amazônia inspira artistas a criar obras de diversos campos, como da literatura, do cinema, da pintura e da arte digital. Em Belém, novos artistas expressam a criatividade ao mixar técnicas digitais e estilos pouco explorados na região a elementos da capital paraense e da cultura amazonida.

Você já ouviu falar em pixel art? Segundo o instrutor de computação gráfica, Carlos Henrique, pixel art ou arte em pixel é um estilo de arte que tem como base criar figuras através da menor unidade de uma imagem chamada bitmap, que é o pixel. “A gente vai esculpindo alguma coisa, fazendo alguma representação através de pixels, então tem teorias para tudo isso”, diz Carlos Henrique. O formato faz sucesso no mundo dos jogos e agora é destaque dos cenários construídos pela artista Rafaela Jardina.

Nascida em Almeirim, cidade paraense a 487 km de Belém, Rafaela Jardina estudou Artes Visuais na Universidade da Amazônia em 2016. Para desenvolver os cenários com casarões históricos e com pontos turísticos famosos da cidade, ela fez pesquisas na web e procurou aprender o processo. Logo nasceu o primeiro cenário pixelado baseado no Ver-o-Peso. “Eu resolvi pegar do Ver-o-Peso, que foi o primeiro pixel que eu fiz, só que foi bem simples”, explica Rafaela Jardina.

“Eu resolvi pegar do Ver-o-Peso, que foi o primeiro pixel que eu fiz, só que foi bem simples”

Mercado Ver-o-Peso em pixel art por Rafaela Jardina

A criação não para por aí. Logo depois, o Palacete Bolonha e o Palacete Bibi, construídos pelo engenheiro Francisco Bolonha no período áureo da borracha, tomaram a forma no cenário pixelado e agora animado. “Eu resolvi animar também, já que eu estava aprendendo a mexer com animação”, afirma a artista.

Detalhes, como a característica chuva das 3 da tarde, fazem parte da cultura dos belenenses e compõem a animação do Palacete Bibi. Rafaela Jardina destaca que gosta muito da cultura paraense e enxerga a necessidade de explorá-la. “Acho que poderia ser mais explorada em todos os cenários”, diz Rafaela Jardina. Dentro desse novo olhar, o ilustrador Keoma Calandrini desenvolve cenários de Belém com características de um gênero fictício popular entre os geeks: o cyberpunk.

O ilustrador paraense, Keoma Calandrini, formado em Artes Visuais, pela Universidade Federal do Pará e em Design de Interiores, pela Escola Técnica do Estado, em 2010 descobriu sobre a palavra ‘cyberpunk’, apesar de consumir, anteriormente, filmes do gênero sem conhecer a palavra. Segundo ele, o gênero cyberpunk surgiu na década de 1980, aparecendo no livro Neuromancer, de William Gibson e nos dois livros seguintes da triologia, Monalisa Overdrive e Count Zero. Ele conta que se identificou muito com os personagens e com a descrição de características fundamentais. “Eu me identifiquei muito com os personagens e com a própria descrição do que era o cenário em qual a aventura acontecia, que é o ciberespaço e uma cidade, que é uma cidade decadente, com problemas de questões morais”, diz Keoma Calandrini.

“Eu me identifiquei muito com os personagens e com a própria descrição do que era o cenário em qual a aventura acontecia, que é o ciberespaço e uma cidade, que é uma cidade decadente, com problemas de questões morais”

As representações de Belém nas ilustrações têm um clima de chuva, com arranha-céus e o ar de decadência. Tudo isso foi desenvolvido depois que ele aprimorou as técnicas necessárias para produzir e percebeu as semelhanças entre a atual Belém e esse cenário cyberpunk. “Belém não tem os arranha-céus muito gigantescos, mas a essência do movimento, eu consigo perceber muito dentro da cidade”, comenta o ilustrador.

Bar do Parque por Keoma Calandrini

Locais populares da cidade das mangueiras, como o Bar do Parque, o Ver-o-Peso e a Praça do Relógio, foram adaptados para essa realidade, aos olhos do ilustrador. A representação de elementos da Amazônia, de elementos culturais e religiosos, como a onça pintada e Nossa Senhora de Nazaré, fazem parte do trabalho que segue esse estilo. “A gente tem uma cultura muito rica, uma cultura religiosa, que é o Círio, tem culinária, tem o nosso centro histórico, tem a selva Amazônia, tem os bichos, então essas temáticas têm muito a ver com o momento”, afirma o artista.

A arte trabalhada pixel por pixel e a ilustração com estilo cyberpunk transmitem Belém com olhares particulares desses artistas paraenses.

Quer saber mais detalhes e conferir mais ilustrações? Assista ao vídeo abaixo!


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